O JARDIM, FAC-SÍMILE DE UM PASSEIO

Quando alguém fala um mundo se abre .

Raduan Nassar já disse “cada palavra, sim, cada palavra é uma semente”.
As sementes talvez possam germinar em um ambiente eletromagnético como âmbar energicamente friccionado, transformado em magneto, magnesita eletricidade. Do fluido etéreo – antes imaginado poderoso ether – às radiações ondulatórias classificadas pela Física como “radiações eletromagnéticas” caminhamos nesta energia flutuante a procura de vozes cheias de magnetismo. O barão Karl von Reichenbach chamou de Odyle esta energia estranha saída de todas as coisas vivas. Radiosa Odyle.

No século 20, o biólogo Raoul Francé já sabia que as plantas movem seus corpos tão livre e facilmente quanto qualquer um de nós. Até porque não existe jardim sem vento que tudo, o tempo todo, transforma.
Um passeio neste rádio jardim germinando mensagens amplificadas nas cores dos prazeres: quem nunca esteve nesse jardim ? quem não se lembra de ter estado ali?
Um poço onde mergulhamos nossos ouvidos nesta água tão essencial quanto àquela outra, imaginária. Compostos somos por estes elementos.

No abismo – abysm, mais uma tradução para poço – os saltos da memória: no vai e vem da lembrança e do esquecimento construímos nossas histórias guardadas em livros como nestas páginas em cerâmica, aglomerando os minerais e cores compostos na terra de um jardim.
O sonho do sono. Só ouvidos.
Cada sonho o fac-símile das lembranças… nunca definitivas.
O sono é um eco, já disse o biólogo.
Este, um eco radiofônico.
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O JARDIM, fac-símile de um passeio.
roteiro, concepção e direção – Lilian Zaremba
locução – Eduardo Fajardo
sons – samplers de gravações e composições realizadas por Tina Pereira, Cabelo, Tunga, Lilian, Jovi Joviniano e Alexandre Brasil.
edição sonora – André Rebello
filmagem em digital : um filme de Lilian e Lucia Helena Zaremba.
edição de imagens: Toni Cid Guimarães e Lucia Helena Zaremba
instalação – poço : produção e montagem – Fernando Sant’Anna.
Exposição – Museu de Arte Contemporânea, MAC – Niterói, Rio 2006.

Fotografia: Lucia Helena Zaremba